sábado, 17 de maio de 2014

Quem é a Besta? Parte II

No capítulo anterior inicarmos uma investigação através da história e das Escrituras a fim de identificar a besta do Apocalipse 13. Analisando as profecias pudemos comprovar que antes de sua  aparição, o registro bíblico assegura que outras bestas haviam governado, das quais, três foram plenamente identificadas:

1.     Leão               Babilônia           (605 a.C.-539 a.C.)

2.     Urso               Medo Pérsia      (539 a.C.-331 a.C.)

3.     Leopardo        Grécia                (331 a.C.-168 a.C.)

Apesar do significativo avanço que conseguimos, ainda nos falta muita história por ler para chegar até nossos dias. Esta seção se encarregará de revelar a identidade do mais terrível e perigoso reino da antiguidade: o animal de dez chifres. 
Animal terrível de dez chifres

"Depois disto, eu continuava olhando nas visões da noite, e eis aqui o quarto animal, terrível e espantoso, e muito forte, o qual tinha dentes grandes de ferro; ele devorava, e fazia em pedaços, e pisava aos pés o que sobejava; era diferente de todos os animais que apareceram antes dele, e tinha dez pontas... O quarto animal será o quarto reino na terra, o qual será diferente de todos os reinos; e devorará toda a terra, e a pisará aos pés, e a fará em pedaços" (Daniel 7:7,23).

Qual será este reino? Os historiadores afirmam que quem conquistou e subordinou aos generais que herdaram o império de Alexandre Magno, foi Roma:

"Na morte de Alexandre, seus generais repartiram o império e pouco depois a Grécia foi convertida em província romana".[a] 

"Roma declarou guerra  ao imperador Seleucida [Seleuco, o mais forte dos generais que sucederam Alexandre Magno], que desde a Ásia Menor havia se dirigido à Grécia. Os romanos obrigaram-lhe abandonar a Grécia e a Ásia Menor [território de Lísimaco], o fizeram pagar uma grande quantidade de títulos de indenização... Pouco depois, em 168 a.C. um ultimato romano impediu aos Seleucidas invadir o Egito[território de Tolomeu], país que se converteu em protetorado romano... Com províncias em três continentes, Europa, África e Ásia, a república Romana, antes obscura, alcançou então a supremacia do mundo antigo".[b] 

Daniel descreve Roma como "espantosa, terrível e muito  forte". A crueldade deste império se mostra na maneira em que tratou Jesus Cristo, que sem haver cometido delito algum, foi ferido, golpeado e condenado à mais degradante das mortes.

"E logo os soldados do governador, conduzindo Jesus à audiência, reuniram junto dele toda a corte. E, despindo-o, o cobriram com uma capa de escarlate. E, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lhe na cabeça e, em sua mão direita, uma cana; e, ajoelhando diante dele, o escarneciam, dizendo: Salve, Rei dos judeus! E, cuspindo nele, tiraram-lhe a cana e batiam-lhe com ela na cabeça. E, depois de o haverem escarnecido, tiraram-lhe a capa, vestiram-lhe as suas vestes e o levaram para ser crucificado"(Mateus 27:27-31). 

A atitude desumana de Roma perante Jesus e o povo da promessa, durou enquanto o império existiu. A história nos diz que os romanos foram os autores do terrível massacre de Jerusalém (70 d.C.), o qual deixou um saldo de 1.100.000 de homens mortos.[c] Por outra parte, entre os anos de 64 e 313 d.C., Nero, Domiciano, Trajano, Aurélio, Severo, Máximo, Décio, Valeriano, Aureliano e Dioclesiano, se encarregaram de decretar as mais ferozes perseguições das que se tem conhecimento contra os cristãos.[d] Milhares deles morreram despedaçados pelos leões no circo romano e outros milhares mais desfaleceram entre terríveis sofrimentos nas máquinas de tortura. Tudo isto porque se negavam a reconhecer o imperador como deus e recusavam render culto ao sol e aos deuses egípcios.[e]Era um tempo em que a vida tinha pouco valor e a intolerância religiosa crescia em cada recanto do vasto império. 

No capítulo 2 vimos que a Escritura afirma que o quarto animal de Daniel 7 e o dragão do Apocalipse são símbolos de um mesmo reino. Portanto o dragão deve representar também ao Império Romano. A prova disto, encontramos no capítulo 12 de Apocalipse:

"... E o dragão parou diante da mulher que havia de dar à luz, para que, dando ela à luz, lhe tragasse o filho. E deu à luz um filho homem que há de reger todas as nações com vara de ferro; e o seu filho foi arrebatado para Deus e para o seu trono" (Apocalipse 12:4-5). 
O "filho homem" do qual  está falando esta profecia é o Senhor Jesus Cristo, que ao nascer foi mandado ser morto pelo rei Herodes;[f] e posteriormente "arrebatado para Deus e para o seu trono."[g] O fato de que Herodes, o rei da Judéia, fora governante e representante do Império Romano,confirma que  o dragão também é símbolo deste império.[h] 
Roma governou do ano 168 a.C. até 476 a.C. (La fotografía muestra el Colosseum de Roma).

Os dez chifres 
A profecia mostra que o quarto animal tinha dez chifres (vers. 7). O que isto significa? Deixemos que a Bíblia nos explique:

"E, quanto aos dez chifres, daquele mesmo reino se levantarão dez reis..." (Daniel 7:24).

Sabemos  que a palavra reis usa na profecia da mesma maneira que usamos a palavra reinos.[i]Portanto, isto indica que Roma haveria de dividir da mesma maneira que a Grécia se dividiu. A história registra  que desde 378 a.C. várias tribos - muitas quais não prosperaram, desapareceram ou se uniram a outras - invadiram o Império Romano. Destas, as que mais se destacaram foram estas:

Visigodos,  Vândalos, Ostrogodos, Lombardos, Francos, Burgúndios, Suevos, Anlosaxões, Germanos e Hérulos.

Estas dez tribos bárbaras (como o próprio nome diz) são o fundamento das nações Européias da atualidade e são os dez chifres que surgiram da quarta besta. Os historiadores afirmam que a divisão do Império Romano foi uma realidade no ano 476 d.C.:
"Desde o ano 476, a história das terras  que uma vez foram governados por Roma se transformou na história dos povos bárbaros, ainda que várias gerações de romanos e súditos romanizados conservaram seus costumes e forma de vida".[j] 

É importante ressaltar que estas tribos bárbaras na realidade não foram reinos independentes de Roma, mas que fizeram parte dela. Isto demonstra de fato que os chifres estavam na cabeça do quarto animal e não separados dela. A história confirma:

"A extinção do poder romano e o colapso de suas estruturas políticas não significaram o fim de sua cultura nem o desaparecimento de suas formas de vida... Quando os laços políticos com Roma se romperam por causa das invasões bárbaras, aqueles territórios retomaram sua existência independente, mas as antigas influências culturais permaneciam nos costumes e crenças, nas leis e nas instituições".[k] 

Roma segue viva, mas de uma forma diferente! As crenças religiosas, as leis e os costumes romanos, foram aceitos e assimilados. A mudança consistiu somente na divisão de território e no aumento do número de seus governantes.

A divisão do Império Romano foi concretizada no ano 476 d.C. O que haveria de acontecer depois? 

Chifre pequeno

"Estando eu a considerar as pontas, eis que entre elas subiu outra ponta pequena, diante da qual três das pontas primeiras foram arrancadas; e eis que nesta ponta havia olhos, como olhos de homem, e uma boca que falava grandiosamente. E, quanto às dez pontas, daquele mesmo reino se levantarão dez reis; e depois deles se levantará outro, o qual será diferente dos primeiros e abaterá a três reis" (Daniel 7:8,24).

A identidade do chifre pequeno é na realidade a mais fácil de deduzir, pois a Bíblia proporciona mais informações acerca dele do que todas as bestas anteriores juntas. Ainda que já as tenhamos mencionado no capítulo 2 deste livro, se faz necessário expô-las de maneira mais clara afim de que você tire as suas próprias conclusões e o identifique com plena segurança: 

A soma do valor numérico das letras de seu nome é 666: "Aqui está o saber. Quem tem, pois, inteligência, calcule o número da besta, porque seu número é o que forma as letras do nome de um homem, e o número da besta é seiscentos e sessenta e seis".[l] 

É um  reino: Igualmente aos dez chifres anteriores, o chifre pequeno não representa apenas uma pessoa (um rei) mas, a uma sucessão de reis: um reino.[m] 

surge em um local muito povoado: A besta sobe do mar. Isto mostra que este reino deve levantar-se no meio de um território densamente povoado, pois o mar é símbolo de multidões, nações e línguas.[n] 

Surge na antiga Europa Ocidental: Levando em conta que os dez chifres na besta representam as dez nações em que se dividiu o Império Romano e que estas são o fundamento dos países europeus da atualidade, podemos concluir que o chifre pequeno, que saiu "dentre eles",[o]deve surgir na antiga Europa Ocidental. 

Tira e coloca reis: O chifre pequeno pensa que pode "mudar os tempos",[p]fato que segundo Daniel, é obra exclusiva de Deus, pois somente ele pode tirar e pôr reis segundo a sua vontade.[q] 
O reino aqui representado, em seu intento de exercer o direito divino de dirigir o curso da história humana, haveria de se distinguir por ter o poder suficiente para tirar ou nomear reis. 

Derrubou três dos dez reinos europeus: "E diante dele foram arrancados três chifres dos primeiros".[r]Quando este chifre surgiu como potência mundial, derrubou a três dos dez reinos bárbaros que formavam a Europa daqueles dias. 

Pequeno no começo e com o tempo torna-se maior que os outros: O surgimento deste poder foi gradual e não espontâneo. Quando surgiu entre os países da Europa a profecia o descreve como "pequeno". Contudo, mais adiante Daniel chegou a vê-lo "maior que seus companheiros".[s]Cresceu de tal forma que o Apocalipse o apresenta não como um chifre, mas como um grande reino, uma besta colossal que finalmente chegaria a governar o mundo inteiro. 

Surgiu por volta do ano 476 d.C. : A divisão do Império Romano em dez reinos se completou no ano 476 d.C. Tendo em conta que o chifre pequeno se levantou "dentre eles",[t]podemos concluir que este reino deveria surgir por volta desta data. 

Governou durante 1260 anos: Este poder governa por 42 meses.[u]Se levamos em conta que o antigo mês judeu contava 30 dias; e multiplicamos este número de meses (42), obteremos um total de 1260 dias(42x30 = 1260).

Como a profecia está em linguagem simbólica, os 1260 dias também são simbólicos. Na Bíblia, um dia profético equivale a um ano literal,[v]portanto, 1260 dias proféticos são na realidade 1260 anos literais. 

Caiu e se recuperou: Depois de terminados os 1260 anos, a besta é levada em cativeiro onde recebe uma ferida mortal. Algum tempo depois volta a viver: "a besta que foi ferida de espada e reviveu".[w] 
Podemos concluir então que este reino tem duas fases de grande poder através da história, separados por um período de inatividade. 

Governa em nossos dias: Depois de descrever a queda e ressurreição da besta, a profecia revela que finalmente convocará a seus aliados e seus exércitos para lutar contra o Cordeiro e seus exércitos. Como resultado desta guerra, a besta será jogada no lago que arde com fogo e enxofre onde  será destruída para sempre.[x] A Bíblia declara que esse fogo será literal e cairá em ocasião do fim do mundo, quando Jesus regressar para dar a cada um conforme as suas obras.[y]Podemos concluir então que este poder governa desde a Idade Média e se estende até o fim do mundo. O mundo ainda não foi destruído por fogo, portanto, este poder deve estar governando em nossos dias. 

É diferente das outras nações Européias: O chifre pequeno é "diferente dos primeiros",[z]portanto, não pode representar somente a um poder político. 

É um poder religioso: A diferença dos outros chifres, o chifre pequeno mistura a política com a religião.[aa] 

É um poder perseguidor: Este poder haveria de perseguir e destruir a todos aqueles que não se conformaram com seus dogmas; atacando especialmente aqueles que se mantiveram firmes na doutrina pura de Cristo e seus apóstolos.[bb] 

Trata de mudar a Lei de Deus: Fazendo uso de sua influência religiosa, este poder intentaria adulterar a Santa Lei de Deus.[cc] Esta Lei, como veremos mais adiante, inclui a proibição do uso de imagens para o culto e revela que o domingo não é o verdadeiro dia de repouso.[dd]

Professa ter o poder de perdoar pecados e ser igual a Deus: Este poder político - religioso fala blasfêmias contra Deus.[ee] A Bíblia ensina que um homem blasfema, quando se faz igual a Deus ou quando pretende perdoar os pecados cometidos contra ele.[ff]Portanto, este poder deve ter dito ter a autoridade de perdoar pecados e professar ser como Deus aqui na Terra. 

Tem presença mundial: "Toda a terra se maravilhou após a besta... E se lhe deu autoridade sobre tribo, povo, língua e nação".[gg] 

É um poder romano: A quarta representa Roma e o chifre pequeno está em sua cabeça, fazendo parte dela.[hh]Portanto, igualmente aos chifres anteriores, este chifre deve representar um poder romano.

Para identificar este reino é necessário fazer uma breve revisão das características anteriormente citadas: As letras do nome do homem que governa este reino somam seiscentos e sessenta e seis. Surgiu por volta do ano 476 d.C. em um local muito povoado, especificamente, na antiga Europa Ocidental. 

Seu crescimento foi aumentando até que chegou a derrubar três das dez tribos bárbaras e dominar totalmente as demais a tal ponto que pôde pôr e depor reis à sua escolha. Depois de alcançar o auge de seu poder, este reino caiu perdendo a liderança política que havia ostentado durante mil duzentos e sessenta anos. Ao passar do tempo, sua ferida mortal foi sarada, e está atualmente tratando de alcançar a autoridade suprema sobre o mundo. Não é apenas um poder político, é também um poder religioso. Durante sua primeira fase intentou usurpar o lugar de Deus, adulterando sua Lei e professando ter a autoridade para perdoar pecados. Todos os que se revelaram contra  foram perseguidos e assassinados. Este império político - religioso é romano.

Há somente uma entidade no mundo que se encaixa em todas as características: é, sem sombra de dúvidas, o papado.[ii]Os próximos capítulos se encarregarão de descrever em detalhe o cumprimento exato de cada um dos pontos anteriormente enunciados.
[a] Pequeno Dicionário Ilustrado Larousse , art. "Grecia",  pág. 1327.
[b] História Universal e da Civilização, t. 1, págs. 160-161,  E. Hispano Europea.
[c] Atlas Ilustrado da História Universal, pág. 11, Editora Libsa.
[d] Ibid.
[e] História Universal, tomo 8, págs. 148-149, Nauta. 
[f] Mateus 2:13,14.
[g] 1 Pedro 3:22. 
[h] Ellen G. White, El Conflicto de los Siglos, pág. 491.
[i] Daniel 8:21,22.
[j] História Universal, tomo 8, pág.163, Nauta. El mapa fue tomado de la pág. 166 y muestra la ubicación geográfica de los bárbaros, una vez cayó Roma.
[k] História Universal, tomo 9, pág.12, Nauta. 
[l] Apocalipse 13:18, versão Félix Torres Amat.
[m] Daniel 7:24; Daniel 8:21,22.
[n] Apocalipse 17:15; Isaías 17:12.
[o] Daniel 7:8.
[p] Daniel 7:25.
[q] Daniel 2:20,21.
[r] Daniel 7:8,24.
[s] Daniel 7:8,20.
[t] Daniel 7:8,24. 
[u] Daniel 7:25; Apocalipse 13:5; ver nota de rodapé g do capítulo 2. 
[v] Ezequiel 4:6; Números 14:34.
[w] Apocalipse 13:10,14.
[x] Apocalipse 19:19-20; 17:14; Daniel 7:11-14. O Cordeiro e o Filho do homem descritos nestas passagens, representam ao Senhor Jesus (João 1:29; Lucas 22:47,48).
[y] Mateus 13:40;  Lucas 17:29,30; 2 Pedro 3:7-10; 2 Tessalonicenses 2:8.
[z] Daniel 7:24.
[aa] Daniel 7:25;  8:11,12;  Apocalipse 13:5-8.
[bb] Daniel 7:21;  Daniel 8:24;  Apocalipse 13:7;  14:12.
[cc] Daniel 7:25.
[dd] Exôdo 20:3-17.
[ee] Daniel 7:20;  Apocalipse 13:5,6.
[ff] João 10:30-33;  Marcos 2:3-7.
[gg] Apocalipse 13:3,7.
[hh] Daniel 7:23, 24.  
[ii] Ellen G. White, El Conflicto de los siglos, pág. 492.

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