http://adventismoemfoco.wordpress.com/2014/05/05/a-profecia-das-2300-tardes-e-manhas/
Em
1590, um padre espanhol chamado Francisco Ribera (1537-1591), um
jesuíta erudito, completara um novo comentário sobre o livro de
Apocalipse. Foi resultado de uma longa pesquisa que durou 20 anos. A
necessidade de tal estudo era que Roma precisava de um novo método de
interpretação profética da Bíblia, pois assim conseguiria combater a
Reforma Protestante. Durante 70 anos antes, Martinho Lutero, João
Calvino e diversos reformadores - e antes deles, João Wycliffe e João
Huss, tendo feito forte e cuidadosa pesquisa profética identificam Roma
como o poder do anticristo, com base nas profecias de Daniel e
Apocalipse.
Diante
da intensa proclamação da interpretação profética pelos reformadores,
cada vez mais difícil e delicada tornava-se a situação de Roma. É diante
desse quadro, que Roma conclama o Concílio de Trento como forma de
neutralizar o pensamento dos protestantes reformadores. Francisco Ribera
então apresenta suas descobertas que chamou de "futurismo" no ano de
1590, que reúne todas as profecias apocalípticas e lança para o futuro,
no tempo do fim.
Juntamente
com as descobertas do jesuíta, foram lançadas no futuro também a
profecia que revelava o anticristo, que segundo ele só seria revelado
nos últimos 7 anos de história da terra. Essa seria a brilhante maneira
de esquivar Roma do quadro profético escatológico atual e
consequentemente sua culpabilidade e identificação bíblica nas
profecias.
Em
menos de 300 anos, o futurismo encontraria abrigo também no seio dos
cristãos fundamentalistas. Isso deu-se através de um homem chamado João
Nelson Darby (1800-1882), anglicano, advogado, irlandês e pregador que
adicionou aos ensinos de Ribera uma "nova luz" chamada de arrebatamento
secreto, onde Jesus voltaria secretamente para seus seguidores, dando
margem para o surgimento de um anticristo (um homem mau, europeu) que
estaria dominando o mundo e na metade dos 7 anos de tribulação, faria
uma abolição dos sacrifícios feitos no templo levando o mundo a um caos.
Essas informações posteriormente foram escritas no formato de anotações
e são usadas até hoje, a Bíblia Scofield.
A seguir 3 pontos importantes conflitantes quanto ao tema do arrebatamento:
a) Não será secreta
O
texto que serve de âncora para a teoria do arrebatamento se encontra
nas palavras de Jesus, registradas em Mt 24:36-42 "Mas a respeito
daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho,
senão o Pai. Pois assim como foi nos dias de Noé, também será a vinda do
Filho do homem. Porquanto, assim como nos dias anteriores ao dilúvio
comiam e bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé
entrou na arca, e não o perceberam, senão quando veio o dilúvio e os
levou a todos, assim será também a vinda do Filho do homem. Então, dois
estarão trabalhando num moinho, uma será tomada, e deixada a outra.
Portanto, vigiai, porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor".
Pode-se
deduzir que a descida de Deus no horizonte incendiando os céus não
denota absolutamente nada de secreto. Jesus é inequívoco ao avisar
usando expressões afirmativas: "Se alguém disser que Eu virei
secretamente, não acrediteis", "...todos os povos da terra se lamentarão
e verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens...", essas são algumas
descrições bastante "não secretas". No poderoso livro do apocalipse
encontramos a passagem bíblica que nos fala: "Eis que vem com as nuvens,
e TODO olho o verá". Ap 1:7
b) Não ficarão vivos
Os
que forem deixados para trás não serão deixados para continuar por
aqui, pois eles não serão deixados vivos. A base bíblica usada para
dizer que logo após ao arrebatamento secreto ficarão pessoas vivas na
terra está em Mt 24:40-42 "Então, dois estarão no campo, um será tomado,
e deixado o outro, duas estarão trabalhando num moinho, uma será
tomada, e deixada a outra".
Antes
de Jesus dar a devida descrição, Ele diz "Pois assim como foi nos dias
de Noé, também será a segunda vinda do Filho do Homem. Porquanto, assim
como nos dias anteriores ao dilúvio comiam e bebiam, casavam e davam-se
em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e não o perceberam,
senão quando veio o dilúvio e os levou a todos, assim será também a
vinda do Filho do homem". Mt. 24:38-39. Quando Cristo vier a essa terra
será como os dias do dilúvio. As rotinas normais estarão ocorrendo, será
do mesmo jeito que ocorreu com Noé - alguns levados e outros deixados.
Assim como ocorreu no dilúvio, "Eu aparecerei e de repente "levarei"
alguns deles".
De
fato, a palavra grega para "tomado" aqui em Mt 24 é "será tomado um" é a
mesma palavra grega que Jesus proferiu no cenáculo, em Jô 14 "voltarei e
vos receberei para mim mesmo..." Portanto o que Jesus diz é que quando
voltar levará seus amigos para junto dEle.
Reparando
cuidadosamente o que acontece com os que são deixados para trás na
história, Jesus declara que aqueles que ficam para trás são destruídos,
varridos da terra, assim como foi no dilúvio. A palavra grega
transliterada usada é "kataklysmos", de onde vem a nossa palavra
"cataclisma" - que significa desastre, catástrofe etc. Que é exatamente o
que ocorreu por ocasião do dilúvio e será o que ocorrerá por ocasião da
segunda vinda.
A
história de Sodoma e Gomorra em Lucas dessa passagem de Mateus, Jesus
acrescenta essa catástrofe à narrativa do dilúvio para fortalecer ainda
mais o seu argumento!
"O
mesmo aconteceu nos dias de Ló: comiam, bebiam, compravam, plantavam e
edificavam, mas no dia em que Ló saiu de Sodoma, choveu fogo e enxofre e
destruiu todos. Assim será no dia da volta do Filho do Homem.
Está
escrito as palavras de Jesus "...lembrai-vos da mulher de Ló..." Lc
17:32. Jesus pede que lembrem da mulher de Ló como referência para
explicar o que acontece em sua volta com aqueles que ficam para trás,
ela transformou-se em sal, morreu. Gn 19:26
Duas simples perguntas com duas respostas diretas:
1) O que acontece aos que ficam deixados para trás da época de Ló?
R: Mortos!
2) O que aconteceu aos que foram deixados para trás no dilúvio?
R: Mortos!
3) Então o que acontecerá com os que ficarem para trás na volta de Jesus?
R: Mortos também! Em todos os casos os que ficaram para trás foram varridos da terra completamente.
Percebendo
a seqüência de Ló entendemos que foi tirado da cidade e levado para um
lugar seguro. E o que aconteceu aos que foram deixados para trás? Assim
como no dilúvio, foram varridos por um cataclisma natural. Com seu
argumento, Jesus acrescenta de forma sombria: "Lembrai-vos da mulher de
Ló - a mulher que é lembrada nesta história por ter sido "deixada para
trás". E qual não é diferente, o seu destino foi a morte, foi destruída.
Qual seja a forma de se ler os evangelhos, a narrativa de Cristo é que
os que forem deixados para trás não são deixados para continuar por
aqui, pois eles não serão deixados vivos.
c) Como ladrão
Apesar
da volta de Jesus ser comparada como um ladrão que vem em um momento em
que não sabemos, vindo secretamente, essa metáfora pode ser
compreendida quando vemos a descrição de Pedro demonstrando um efeito
barulhento e bastante visível "...no qual os céus passarão com
estrepitoso estrondo, e os elementos se desfarão abrasados, também a
terra e as obras que nela existem serão atingidas". Fica muito claro que
Pedro não está descrevendo uma vinda secreta. Sempre que as escrituras
usam a metáfora do "ladrão" é para descrever o "inesperado", em vez do
"secreto". O próprio Cristo disse para esclarecer "...se o pai de
família soubesse a que horas viria o ladrão, vigiaria e não deixaria que
fosse arrombada a sua casa". Mt 24:23 O retorno de Jesus é algo com
muitos anjos fazendo barulhos, trombetas, relâmpagos e fogo, terremotos e
catástrofes, poder e muita glória.
Segundo
o dispensacionalismo "João, em Apocalipse, divide [a Tribulação] em
dois períodos de três anos e meio cada, ou 1260 dias, num total de sete
anos". Pergunta-se, onde é dito isso em Apocalipse? Não é possível
encontrar na bíblia nenhuma divisão específica de períodos de tempo
semelhante. Combina-se dois períodos de tempo para conseguir seus 7 anos
necessários. Diz que os 42 meses durante os quais a Cidade Santa será
"calcada aos pés" (11:2), "não podem acontecer na primeira metade da
Tribulação". Segue-se então que os 42 meses constituem a segunda metade
do período de 7 anos. Dessa forma, como é possível que o período de 1260
dias (11:3), que é igual a 42 meses e vem logo após (11:2), acontecer
no tempo, antes dos eventos de 11:2? Se os 1260 dias (11:3) referem-se à
primeira metade do período de 7 anos de tribulação, então porque as 2
testemunhas de apocalipse 11 não aparecem antes? Pois os
dispensacionalistas ensinam que em apocalipse 4 já acontece o
arrebatamento e a tribulação começa.
Diante
de diversas problemáticas, essa escatologia tem que fazer muito
"malabarismo teológico" para conseguir que suas divisões somem um
período de sete anos, pois não há no Apocalipse um versículo que mostre a
existência de um período de 7 anos de tribulação. Como todos sabemos,
não apenas existe uma discussão bíblica substancial de um reino porvir,
mas também há um ensinamento acerca de um extraordinário período de mil
anos, no qual o reino de Deus se tomará triunfante de fato. Histórica e
teologicamente, os temas do Messias, do Remanescente Fiel, do Reino, do
Juízo e da consumação de todas as coisas estão de tal maneira
entrelaçados, que falar de qualquer um deles significa necessariamente
considerar todos eles. São os tijolos da Escatologia judaica e cristã.
Os
pré-milenistas argumentam que a vinda de Cristo inicia um período de
mil anos, durante o qual Ele reina como Soberano. Os pós-milenistas vêm o
retomo de Cristo seguindo-se aos mil anos de paz. O problema desse
conceito reside em determinar quando começa o período; questão que os
pré-milenistas resolveram estabelecendo o retorno Jesus Cristo como
sendo literal.
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